Capítulo 4 – Malfatti

Por Beto Malfatti

 

Meu primeiro post falo brevemente da vivência como produtor musical e proprietário de um home studio.

Com o tempo senti a necessidade de gravar minhas musicas, mais quando se pensava em gravação no ano 2000 tudo era absurdamente caro, praticamente inacessível para os artistas dos “ghettos”. Na real, os estúdios e a possibilidade de gravar sua música limitava-se aos artistas que já tinham contrato com uma gravadora ou alguns poucos com condições de investir.

Sempre pensei que fosse possível principalmente depois de conhecer melhor a obra genial de grandes mestres como “Tim Maia” com a SEROMA, e  Lee “scratch” Perry, que se referia ao seu estúdio como um santuário, um lugar  mágico onde acontecia a música “Inna secret laboratory” como ele costumava cantar. Deveria haver uma forma mais justa de registrar minhas ideias sem ter que pagar uma fortuna para gravar alguns “rifs” simples que surgiam na minha cabeça.

Arrumei um trabalho, não demorou muito consegui comprar uma placa de som usada e um microfone que um amigo músico estava vendendo por um valor mais acessível, revesti um cômodo de casa com caixas de ovo e dei o nome de “zaira records”, rs.

Passei a noite acordado o dia em que gravei meu primeiro som, fiquei extasiado com aquela sensação de gravar e ouvir.

De lá pra cá, nem sei dizer quantos músicos passaram por aqui nesses 18 anos. Pessoas com quem aprendi boa parte do que sei na música e na vida, admiro e me inspiro no som e na atitude de cada banda de garagem de cada artista independente que passou e passa por aqui até hoje. A sensação de êxtase que tive a primeira vez que gravei e me ouvi, é a mesma que vejo no olhar de cada um após uma primeira sessão de gravação. É renovador.

Muitos seguiram suas vidas tendo a música como um hobby outros desistiram totalmente de tocar por vários motivos  e uma pequena parte dos que conheci continuam no corre da música, “tocando” a vida, assim como nós, na contramão guiando um sonho, mesmo sabendo o desafio que é viver de arte nesse país.

O “Zaira record’s” existe até hoje, e completa esse mês 18 anos de História, é aqui que a Nomade se encontra no minimo 3 vezes por semana para ensaiar, nessa garagem que o tempo transformou em estúdio. É daqui que saíram e saem diariamente boa parte das composições para a Nomade Orquestra.

Muito do que acontece no show acontece aqui primeiro e é sensacional ! Receber de vocês que curtem nosso som, essa troca de energia, é o que nos move.

Vamos em frente, Somos um.

” Corações pulsando em uníssono …”

Agradecido

Haux, haux !

Minha Playlist, do o PLAY!